"Eu todo doído. Minha vida tá toda errada. Bodes em vários níveis, às vezes me sinto bombardeado de — sei lá o quê. (...) Poucas vezes a barra esteve tão pesada. No país, é isso que você vê. Cada vez pior. Ai, Emediato, pra onde a gente tá indo?"
(Caio F.)
Mergulhando em poços cada vez mais fundos. Uma escuridão de dar gosto. A solidão invadindo. Retorno de Saturno? Aquela sensação de completo abandono.
Mas há o apesar de tudo.
Aquela força vital que a gente só conhece quando chega ao próprio limite. Um impulso que nos empurra pra frente. Aquela luzinha esmaecida, mas insistente, que ilumina as nossas sombras e nos faz lembrar de que não é fraqueza estender as mãos e pedir ajuda. Isso é sinal de lucidez. Às vezes a vida se torna caótica e somos despreparados para lidar com quedas e rupturas.
Às vezes existir se torna um fardo demasiadamente pesado. A depressão não tem nada de leviano, não é sofrimento enfeitado.
As palavras são meu jeito de pedir socorro.
Escrevendo, me resgato de mim.
Eu me sinto a salvo.