Eu escrevia cartas. Fui na contramão, à época do advento da tecnologia. Com a caneta em punho, manifestei minha resistência. Eu lia e era lida.
Confesso que a atual exposição desenfreada de fotos e vídeos me deixa atordoada e perdida. Tenho a impressão de que não dedicamos ao outro a atenção devida, tudo é fugaz, apressado e superficial. E mais, o Ego é alimentado sem controle. Há um desespero por visualizações, comentários e curtidas.
Imagine, dedicar um momento SEU para transpor para o papel sentimentos e pensamentos e depois esperar ansiosamente uma resposta vinda pelas mãos do carteiro...De fato, olho para trás e me pego pensando: faz muito tempo.
Enquanto somos bombardeados por fragmentos esparsos da vida alheia, me questiono, onde foi parar a profundidade nas relações? Onde está a verdadeira essência? Em selfies, filtros, status? Em clichês e frases feitas?
Conhecemos tão pouco um do outro, desaprendemos a admirar as suas singelezas.
(Redes sociais pouco me importam: como é a sua letra?)