sábado, 31 de dezembro de 2016

Repleto de altos e baixos, de surpresas pouco agradáveis, de perdas e lástimas, 2016 foi um ano surpreendente e insuspeitado.
Mas foi também um ano de crescimento. De maturação do olhar. De transformações no campo externo que forçaram mudanças por dentro.
Desejo que esse momento seja sobretudo de reflexão para que possamos estar em paz com quem somos e em perfeita harmonia com o Universo.
Que 2017 venha com as melhores energias e com a consciência de que o ano novo tem pouco (ou nada) a ver com fogos de artifício, cor de roupa ou a folha do calendário.
O ano novo de fato mora dentro da gente.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?) 
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver. 
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Carta para alguém de dentro

Sonhei com você. Há muito não acordava assim, de certa forma nostálgica.
Meu coração estava acelerado e não é que tenha acontecido algo de errado, pelo contrário. Mas de algum modo me doeu.
Levantei antes do despertador, prendi meus cabelos e me olhei no espelho. Uma lágrima escorreu solitária no canto do meu olho, morrendo do lado esquerdo do meu peito. Coincidência ou não, você permeou meus pensamentos o dia inteiro e o que me corroia a cada momento era apenas o "não saber".
Queria te contar tanta coisa, falar o que li sobre flores de lótus e dizer que hoje, mais do que nunca, faço jus ao apelido que você me deu com tanto carinho. Hoje entendo o porquê. Dizer que além de Damien Rice, ouço também Ray Lamontagne, a solidão que nós dois dividimos juntos sem precisar explicar ou compreender.
Mas eu sonhei com você. E foi de certa forma um consolo. "E mesmo sem te ver, acho até que estou indo bem."
Sonhar também acalma a saudade. A gente só sente quando não cabe esquecer.
(Para você cujo nome rima com todo esse texto em forma de poesia que acabei de escrever).
"Art is love made public."

"Look, love is not something we wind up, something we set or control. Love is just like art: a force that comes into our lives without any rules, expectations or limitations. Love like art, must always be free."
(Sense8)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Gratidão por tudo, inclusive pelo que não deu certo
Aos poucos compreendo a importância de respeitar cada momento
A dor, a força, o fracasso, a alegria
Dou graças ao Universo
Respiro, inspiro
E sigo: estou viva.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Embora certas coisas ainda machuquem por dentro, sou imensamente grata ao poder do Universo. Tudo o que se faz retorna como um eco.
Não precisei mover uma palha, apenas esperei. Sofri, chorei, me desesperei. Mas me permiti recomeçar.
Hoje eu só observo, a certa distância, a energia emanada vibrando em resposta para essas pessoas. E me sinto em paz.
Tudo o que vai, volta. Basta esperar.

domingo, 4 de dezembro de 2016

No Corpo

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares
O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.
A poesia é o presente.

(Ferreira Gullar)