quinta-feira, 28 de julho de 2016

Só pensei: posso pegar as minhas coisas e ir?
Depois de arriscar tanto e tudo, sobrou muito pouco para perder. Não perdi.
Talvez doa no início, talvez você nem sofra. Talvez atravesse as noites na companhia dos amigos nos bares ou na cama de outra pessoa. Mas eu sei: você vai lembrar sim.
O cheiro que persiste no travesseiro, o chão repleto dos fios do meu cabelo, a comida que você até aprendeu a gostar, mas que não tem meu tempero.
O vazio no lado esquerdo da cama e do peito.
Cicatrizes que marcam o que chegou ao fim. Partindo ao meio o que um dia foi inteiro.
(E você vai lembrar de mim)


Para E.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

"Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo.
Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa."

(Guimarães Rosa in Grande Sertão: Veredas)

terça-feira, 26 de julho de 2016

A lição mais importante (ou ainda há muito a aprender)

Eu não devo me comparar a ninguém. Apenas os meus próprios pés conhecem o caminho que trilharam.
Só eu sei do suor, do esforço,
do sacrifício. Das lágrimas que rolaram até que eu esboçasse um sorriso.
O que está visível é uma mera fração, um pedacinho. A rotina não é só purpurina. É céu e inferno todo santo dia.
Todos possuem uma história desconhecida, repleta de valor, beleza e poesia.
Não há nesse roteiro melhor ou pior personagem, mocinho ou vilão, anjo ou demônio. Sou de tudo um pouco, sou quem sou o tempo todo.
Sem aplausos, me fiz artista.
O papel principal já é meu: protagonista da minha vida.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ser vasta me basta.
Eu sou.

"Enquanto não alcances, não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade
."
(Miguel Torga)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Amizade é o amor sem maquiagem, sem idealização, sem rodeios, sem disfarces.
É o dia a dia de lágrimas, risadas, segredos (quase) inconfessáveis, desabafos, conselhos, cerveja gelada, papo sobre qualquer assunto, vontade de fazer nada ou tudo, desde que juntos.
Amizade é estar completamente à vontade. É a liberdade de ser quem você é sem ter vergonha, sem medo. Amizade é um espelho: a gente se mostra do nosso jeito, com vícios, qualidades, manias (in)suportáveis, erros e acertos.
Amizade é ser por inteiro. E ainda assim ser aceito.
(Aos meus, apenas gratidão. Vocês moram nos meus pensamentos, nas minhas preces, nas minhas vibrações positivas, no meu coração. Obrigada pelas mãos dadas, pelo amor irremediável, pela aceitação. Vocês são os melhores, e caso não saibam ou duvidem, reitero: vocês são!)
Meu altar é uma página em branco
Com rimas eu componho minha oração
Entrego minhas palavras em oferenda
Agradeço, confesso meus pecados, peço perdão
Toda prece eu faço com papel e caneta
A poesia é minha religião

terça-feira, 19 de julho de 2016

Amo com metáfora
Sinestesia
Reticências 
Ponto e vírgula

Amo com acento agudo
Aliteração
Vocativo
E metonímia

Amo na voz ativa
Com a vastidão na minha língua
Deixo abertas à interpretação 
Minhas infindáveis entrelinhas

Amo no tempo presente
Com verbo de ligação 
Tempo mais que perfeito
E exclamação!

Amo em português claro
E sentido literal
A narrativa não termina
É inundada de poesia

Amo sem ponto final

sábado, 16 de julho de 2016

Não sei ser de outro modo
Minha entrega não tem porquês
Sentindo, sigo me curando
Me doo a quem doer

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Quando me machuco, raramente choro
Silencio em busca de inspiração
Corre mais que sangue nas minhas veias
Busco nas palavras a minha cura
A poesia é minha salvação

Simplicidade (Pato Fu)

Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia

terça-feira, 12 de julho de 2016

Escrevo de mansinho
Com cuidado, com carinho
Divago devagar
Quero manter o espírito
De só compor o que eu sinto
Quando eu transbordar.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Faz tempo e sequer me lembro  
porque acabou
Restou a lembrança mais bonita, nenhuma mágoa, tristeza desmedida
ou rancor

Só o que foi bom ficou
(Aprender a esquecer também é uma forma de amor)

sábado, 9 de julho de 2016

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Toda noite é especialmente linda quando se está abarrotado de luz e poesia


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Estou tão habituada com certos desastres que não me choco facilmente. Falo dos pequenos infortúnios que surgem pelo caminho, e que, no alto dos meus vinte e tantos anos, me causam apenas certa apatia.
Confesso, com um quê de vergonha, que pouco me atinge na pressa dos dias. Meus pensamentos estão diluídos entre atividade acadêmica, afazeres domésticos, a maçante rotina.

*
Fui tomada, repentinamente, por suores noturnos, o sono interrompido por um pensamento ou sonho, medo de dormir sem a tv ligada, medo do silêncio, medo do escuro. Medo. Taquicardia. Um pavor que poderia ser explicado por Netuno em Peixes, choro resignado, falta de poesia.
Ausência de conexão, descompasso de sentimentos e vontades, devaneios infindáveis. Urgência em ficar debaixo do edredom e dormir: sem controle de ponteiros, sem luz do sol rompendo as cortinas. Crise de insatisfação muito bem escondida. A tal necessidade imperiosa de fugir.
Anseio por tudo, afinal de contas esse vazio já ocupa um bom espaço por aqui.
Encarei meu maior pesadelo. Pela primeira vez me encontrei, mas não me reconheci; desaprendi a me olhar no espelho. Atônita, uma única pergunta me veio: o que eu tenho feito de mim?
(Saturno me cobra essa resposta, enfim)
Nesse mundo em que todos sabem muito de tudo, escolho desaprender o pouco que sei
Quero me encantar pela vida a cada segundo
Me deslumbrar, desbravar tudo
Como se fosse a primeira vez