quinta-feira, 30 de junho de 2016

Amar é mais que simplesmente estar
É vontade de permanecer
É ficar.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Vivi durante muito tempo com a tristeza ancorada em meu peito. Desconhecia o esquecimento, não sabia deixar para trás; às dores eu tinha apego. Já acostumada, achava que aquele vazio por dentro me era inerente, indissociável, fazia parte. Passei a ter pavor de infelicidade. Quanto mais eu pensava em ser feliz, menos eu sabia. 
Até que me dei conta, em meio à turbulenta rotina: quando deixei os medos de lado, sem (des)esperar, acolhi a genuína alegria.

Não sou, mas hoje estou feliz. Nada é tão efêmero que não possa simplesmente durar. Muito ou pouco, tanto faz. Eis a magia: eternizo meus momentos e agradeço a transitoriedade dos meus dias.

domingo, 26 de junho de 2016

Me (u) movimento:
Sou um punhado de momentos.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Mais chá de camomila para a minha sede imediatista.
Para todo o resto, poesia.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Se eu não desbravar esse mundo, tocar tudo com minhas mãos e palavras, de nada valerá a minha passagem.
Aprendi a admirar as paisagens, a respeitar cada um dos lugares que me acolhem como eu sou: peito abarrotado de anseios, languidez vasta no olhar.
Sem mapas ou rotas traçadas, insisto em andar. Vou marcando meus passos pela estrada, com uma única certeza na mala:

A vida é maravilhosa. E a ela sou grata.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Tenho dado os meus passos,
Ansiosos, mas não desesperados
Me basta não parar
Não tenho pressa:
O importante é chegar

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ex -voto (Adélia Prado)

Na tarde clara de um domingo quente
surpreendi-me,
intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro,
desejo de raspar a cabeça e me pôr nua
no centro da minha vida e uivar
até me secarem os ossos:
que queres que eu faça, Deus?
Quando parei de chorar
o homem que me aguardava disse-me:
“você é muito sensível, por isso tem falta de ar”.
Chorei de novo porque era verdade
e era também mentira,
sendo só meio consolo.
Respira fundo, insistiu, joga água fria no rosto,
vamos dar uma volta, é psicológico.
Que ex-voto levo à Aparecida,
se não tenho doença e só lhe peço a cura?
Minha amiga devota se tornou budista,
torço para que se desiluda
e volte a rezar comigo as orações católicas.
Eu nunca ia ser budista,
por medo de não sofrer, por medo de ficar zen.
Existe santo alegre ou são os biógrafos
que os põem assim felizes como bobos?
Minas tem coisas terríveis,
a Serra da Piedade me transtorna.
Em meio a tanta rocha
de tão imediata beleza,
edificações geridas pelo inferno,
pelo descriador do mundo.
O menino não consegue mais,
vai morrer, sem forças para sugar
a corda de carne preta do que seria um seio,
agora às moscas.
Meu coração é bom
mas não aceita que o seja.
O homem me presenteia,
por que tanto recebo,
quando seria justo mandarem-me à solitária?
Palavras não, eu disse, só aceito chorar.
Por que então limpei os olhos
quando avistei roseiras
e mais o que não queria,
de jeito nenhum queria àquela hora,
o poema,
meu ex-voto,
não a forma do que é doente,
mas do que é são em mim
e rejeito e rejeito,
premida pela mesma força
do que trabalha contra a beleza das rochas?
Me imploram amor Deus e o mundo,
sou pois mais rica que os dois,
só eu posso dizer à pedra:
és bela até à aflição;
o mesmo que dizer a Ele:
sois belo, belo, sois belo!
Quase entendo a razão de minha falta de ar.
Ao escolher palavras com que narrar minha
angústia,
eu já respiro melhor.
A uns Deus os quer doentes,
a outros quer escrevendo.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

"Não vou me deixar embrutecer, eu acredito nos meus ideais, podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar."
(Renato Russo in Um Dia Perfeito)