segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

"Sol, s.m.
Quem tira a roupa da manhã e acende o mar."
(Manoel de Barros)

Até que aconteça com você

"You tell me it gets better, it gets better in time
You say I'll pull myself together
Pull it together, you'll be fine
Tell me, what the hell do you know?
What do you know?
Tell me how the hell could you know?
How could you know?"

(Diane Warren e Lady Gaga)




Eu não pensava. Aprendi isso com algumas sessões de terapia. Interrompia o processo. E aí, de alguma forma estranha, eu não sentia. Por um breve momento, parava de doer.
Eu tentei. É um esforço diário esquecer, enfrentar o cotidiano de braços abertos, mãos vazias, sem se prender a nada, sem olhar para trás. Eu tentei. Eu tento há mais de vinte anos. Mas tentar não me impede de sofrer. Tentar não desfaz as memórias, não apaga as angústias, o medo, o desespero, a sensação de vazio. A solidão que te toma em meio a tudo. Em meio ao mundo que deveria te proteger.
Já passei pela fase de procurar respostas para as minhas perguntas. Já me responsabilizei e me martirizei por coisas que sequer estavam ao meu alcance. Como fazer uma criança entender? Mesmo tendo passado por tudo o que passei, eu não saberia.
Ainda não sei.
Queria que a vida fosse mais simples e que eu não tivesse que ter batalhado tão duramente para dormir e acordar em paz. Foram muitas as lágrimas, as noites insones, a bebida, o cigarro, o medo. A vontade de matar. Sobretudo de morrer. Não encontrei soluções: tentativas vãs de esquecer.
Me dei conta em meio a um choro contido que não importa o quanto a gente cresça, aquela dor está ali, latente, pronta para doer. Tomou o lugar daquilo tudo que te foi roubado: a inocência, a confiança, a autoestima, a segurança.
Agora faz parte de você.
Sem saber porquê. Sem que se possa compreender.
A intimidade com a palavra é minha maior conquista.
Agradeço os tropeços, as quedas, os descaminhos
O que aprendi não pode ser mensurado, sequer definido
Digo apenas que achei a minha paz
Meu lugar, meu porto, meu abrigo
Refiz meus passos, desenhei meus mapas, tracei minha rota
Depois de tanto, me reencontrei comigo
E dei um sentido à minha trajetória

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O que aprendi aos 25

Criei muitas expectativas ao fazer 25 anos. Pensei em celebrar em grande estilo essa "nova fase" e fui surpreendida pela vida, que me mostrou de uma forma até doída  que essa era apenas mais uma data, um número que só  gerou em mim certa frustração.
Nada aconteceu como planejado. Nada tem sido planejado desde então. Para mim isso é muito delicado, pois gosto de ter o controle, de ter domínio sobre qualquer situação. A vida é tudo, menos previsível, e isso tem sido surpreendentemente bom.
Da série de coisas que aprendi, creio que a mais importante tenha sido me respeitar. Aprendi a me afastar de situações e pessoas que sugavam minha energia e pouco me agregavam. Aprendi a dizer não. Aprendi a apreciar a minha companhia e a tirar proveito da solidão. Aprendi a me ler e a me conhecer melhor. Hoje não faço absolutamente nada para agradar ninguém. Antes eu engolia muitos sapos, acumulava muito estresse e uma hora explodia.

Antes eu tinha muito medo de magoar as pessoas e acabava me machucando nesse processo. Não é questão de egoísmo, mas sim de proteção. Só oferecemos aquilo que temos. E o que eu quero para o outro eu preciso primeiramente ter. E ser.

Aprendi muito e o caminho é longo. Só me resta aceitar as mudanças. 

E agradecer.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Eu me recuso a desistir. Às vezes sinto cansaço, a rotina consome, mas não desfaço esse pacto. Por mais difícil que seja, não viro as costas, não abaixo a cabeça.
Sigo em frente. A vida (re)compensa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Ela andava de calça jeans desbotada, pintava as unhas dos pés e das mãos com esmalte preto. Não usava maquiagem. Cortava seu próprio cabelo. Vivia descalça ou andava por qualquer lugar de chinelo.
Não faz muito tempo.
Carregava na bolsa um exemplar de Lira dos Vinte Anos e se pegava pensando como seria chegar bem ali, em pouco mais de 5 anos. E por não saber, simplesmente aproveitou.

Ela chegou.

Hoje estou aqui, além do meio do caminho, 5 anos adiante. Hoje uso jeans escuro e salto alto, raramente ando descalça, pinto as unhas de vermelho. Quase não uso maquiagem, apenas um corretivo para disfarçar algumas marcas. Pasme, voltei a ter sardas. 
Hoje tenho pavor de cabeleireiro, só corto mesmo o comprimento de um dedo.

Quero deixar crescer.

O que me importa hoje em dia não cabe numa bolsa: trago comigo aprendizado, teço  novas lembranças, abandono velhos hábitos. Recebo as mudanças de braços escancarados.
Encaro com certo orgulho alguns sulcos deixados pelo tempo. No rosto, no corpo, no peito. Não temo minha cara limpa, meus vazios, meus anseios; meu percurso tortuoso porém honesto. Fiz o melhor assim: do meu jeito.

Meus pés são capazes de trilhar qualquer estrada. Na verdade, não importa o caminho que eu escolher, desde que eu torne memorável a minha jornada.

Cortei o cigarro, as decepções, a carne e as mágoas:
também fiz isso para crescer.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

" I'll tell you what freedom is to me: no fear"

(Nina Simone)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Já me abalei muito com várias quedas e chorei, encolhida, remoendo mágoas. Às vezes certas cicatrizes latejam, mas as feridas passaram graças ao tempo. Me curei com minhas lágrimas.
Aconteceu o que tinha que acontecer, embora, à época, eu fosse incapaz de enxergar, de compreender. Foi apenas mais uma página.
E páginas foram feitas para serem lidas. Para extrairmos algo das mal traçadas linhas.
Para serem devidamente viradas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

As noites são cada vez mais escassas de sonhos, fecho os olhos e quero apenas o descanso. Às vezes me basta o silêncio preenchendo o quarto escuro. Em dias cheios  de palavras emaranhadas em meio ao excesso de barulho, me permito desfrutar de mim mesma, melhor companhia assim: calada. 
Repouso a cabeça em meu travesseiro. E mais uma vez agradeço.

A solidão é um privilégio para quem faz de si mesmo sua própria casa.

AmadureSER

Como flor, que para nascer precisa ser regada, percebo o meu crescimento como um cultivo: respeito o tempo da colheita e agradeço as lágrimas derramadas.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Aprendi a maturar meus silêncios. A acalmar minha alma mesmo quando sou toda anseios.
Aprendi a amar a imagem refletida no espelho. Sou quem sou. Hoje me reconheço. 
O que há em mim é muito valioso. Sou meu maior tesouro. 

Recebo e agradeço.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Deus, como tens sido generoso comigo
Minha gratidão dispensa palavras
Eu me curo, eu renasço, eu sinto
Os milagres estão ao meu redor
A minha fé é meu bem maior
Eu acredito

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Passos não são dados a sós 
Pés cansados suportam o fardo
Pois o caminho é um só 
O trabalho é árduo 
Há que se fortalecer os laços
Para que não desatem(os) nós
Imperfeito:
Porém limpo, claro, verdadeiro.
Como tudo há de ser.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

"Estou indo por outro caminho: suporto o espinho e agradeço a flor."

(Marla de Queiroz)