"Contemplo os móveis, os livros, os discos e tudo o que está exposto - só quero a experiência.
Eu passeio por tuas coisas quando você não está, pra aprender com tua casa, tua estrada e o teu mundo a suportar a tua ausência."
(Marla de Queiroz)
Eu vagueio pelo quarto, passo pelos armários, organizo teus sapatos, tuas camisas, e sinto em meus dedos o aroma tão familiar do sossego:
teu cheiro.
Não ligo a tv, não ouço música, fico a sós com o silêncio nesses dias sem você. Nada me preenche ou distrai: apenas os vazios insistem em me entreter.
E te invento nessa falta que me move: ouço teus passos, tua voz, teu riso. Encaro
o travesseiro ao meu lado e admiro esse teu olhar tão lindo.
Enlouqueço: os meus dias sem te ter são um tormento.
São meus sentidos urgentes, ávidos pela presença: você mora aqui dentro há muito tempo.
Na loucura te encontro e mantenho a lucidez; a saudade eu enfeito para não me doer.
A tua lembrança eu transformo em presença, te trago para perto, rompo distâncias. É o meu jeito de sobreviver.