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"Copa não se faz com hospitais e sim com estádios" (Ronaldo Nazario)
Imagem: Folha de São Paulo |
Resisti bastante em escrever esse texto, mas fico boquiaberta com certas visões deturpadas sobre o cenário político atual. Dediquei um pouco do meu tempo para discorrer sobre o tema, pois creio que as redes sociais tem um papel importante na veiculação de informações, mas que se torna perigoso e preocupante devido à maneira como tudo tem sido feito atualmente em virtude do panorama criado com base em extremismos e mentiras.
Vivemos em sociedade e a vida política do país afeta toda a população, sendo impossível ficar estático, como mero espectador da realidade.
O que me motivou a escrever foi o fato de que MUITAS pessoas, inclusive com certo grau de esclarecimento, vem clamando pela "intervenção militar" como modelo capaz de reestruturar o caos político atual. Ouço com exaustão a seguinte frase: "estamos vivendo a ditadura do PT". Tenho a impressão que das duas uma: ou as pessoas esqueceram as aulas de história ou estão completamente CEGAS quanto aos fatos, sendo influenciadas por essa "revolução de cadeira", na qual um pensamento distorcido é disseminado e absorvido em massa sem as doses necessárias de análise conjuntural e sobretudo crítica.
Comparo essa situação com a veiculação de textos apócrifos de grandes escritores. Na maioria das vezes as pessoas se dizem fãs dos autores mas nunca leram algo que fosse de fato da autoria deles. Ou seja, os ideais acabam se moldando em ideias falsas que, no caso da política, visam atender a diversos interesses que não o público.
O mundo virtual tem dessas coisas: viraliza as informações e não há tempo de avaliar seu conteúdo. A moda do momento é ir para as manifestações, tirar as tais selfies para postar nas redes sociais sem saber exatamente pelo quê lutar.
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Imagem: Folha de São Paulo |
É fato que o Brasil precisa de mudanças e não é de agora. Isso vem desde a colonização. As pessoas tendem a ignorar as causas e tentar apenas amenizar as consequências. Não, não estamos vivendo uma ditadura pelo simples fato de que foi o voto da MAIORIA que elegeu o atual governo. Não importa se infelizmente são os mais pobres, os que precisam de mais assistência. A miséria existe no Brasil desde SEMPRE e NENHUM governo foi capaz de mudar isso. As medidas do PT com seu assistencialismo apenas fidelizaram um determinado grupo alvo. O PT criou mecanismos para "amenizar" os problemas de uma classe social necessitada, quais sejam miséria e pobreza, cuja causa não foi resolvida por nenhum governo, seja ditatorial, seja conservador ou liberal: a FALTA DE EDUCAÇÃO, em sentido amplo e estrito.
Primeiramente, a educação no dia a dia, na rotina, aquela que nasce no seio familiar e reflete na vida social.
Aquelas pessoas que não devolvem o troco quando dado a mais por engano, que dão "um agrado" para o servidor público agilizar algum processo judicial, aqueles que recebem, que furam as filas no mercado ou no banco, que param o carro em cima da faixa de pedestres e desrespeitam os idosos são as mesmas que reclamam da corrupção do governo. Incoerente, não é? Porque muitos não enxergam que essas "pequenas" coisas são violações, são imorais, são erradas, assim como os escândalos noticiados na televisão.
Em segundo plano, a educação secundária, vital para toda a perspectiva de futuro dos cidadãos.
Há regiões no país em que não há escolas. Há escolas sem professores e professores desestimulados com desvalorização do seu trabalho e com a baixa remuneração. Sem educação é IMPOSSÍVEL viabilizar um trabalho digno que dê ao cidadão condições mínimas de subsistência. Sem educação as pessoas não leem, não se informam, não entendem absolutamente nada. Esse é o ciclo. Essa é a dinâmica do país.
O fato é que embora seja um clichê, só com educação é possível fazer justiça política e social. Só com a educação é possível disseminar valores como ética, moral e respeito. E, por consequência, só com a educação teremos igualdade e pessoas aptas a representar o país. Enquanto houver essa discrepância econômica, cultural e social, sempre haverá alguém querendo se sobressair ou tirar vantagens sobre o mais fraco.
A única revolução possível de ser feita é com livros. E isso não é utopia.
Reitero o que disse: a mudança TODA está na educação.
Vivemos num Estado Democrático que nos permite ESCOLHER um representante.
Se não há alguém adequado a ocupar uma posição tão importante dentro desse cenário , não podemos acreditar em absurdos como " já que ninguém presta vou votar no menos pior" ou que "temos que colocar alguém diferente, uma outra pessoa, ainda que esse alguém seja ruim, porque o governo precisa mudar". Ora, essa é a política do mais do mesmo. Bosta e merda são palavras sinônimas. Vale lembrar.
Se não há alguém com o qual eu me identifique para me representar, me recuso a votar em qualquer um. Voto NULO. Essa atitude aliada com a exigência da substituição das urnas eletrônicas por qualquer outro meio idôneo de apuração de votos são mecanismos legítimos de manifestação do poder do povo e da verdadeira revolução, sem deixar de lado a observância dos preceitos democráticos
NÃO existe intervenção militar constitucional. As forças armadas são subordinadas à Presidência da República e a suas funções, precipuamente de guarda do território nacional, estão dispostas constitucionalmente. A intervenção prevista nesse dispositivo é a da União, nos Estados e Municípios, nas hipóteses lá elencadas.
Intervenção militar "temporária", para "garantir a ordem e a paz", para "fazer uma limpa no governo" é uma FALÁCIA INCONSTITUCIONAL. É estado de exceção. É ditadura.
Fico impressionada que tantas pessoas acreditem nessas sandices que são ditas sobre a ditadura, deixando de lado o quão triste e vergonhosa foi essa fase para a nossa história. Não há como idealizar ou ter saudosismo. A ditadura trouxe incontáveis prejuízos ao país. Um dos fundamentos da nossa Constituição é a dignidade da pessoa humana. A vida, a liberdade e a segurança são direitos sagrados e devem ser garantidos pelo Estado. É fácil ter 20 e poucos anos e idealizar algo que não se viveu. É fácil para alguns ter vivido aquela época e se sentir nostálgico porque os efeitos da ditadura não o alcançaram, já que não havia razões para pegar em armas, escrever, bater de frente contra o sistema e lutar, pois a situação para tantos segmentos era bastante cômoda. Nem 10% do que ocorria nos bastidores do terror era veiculado. Quanto a isso, pouca coisa mudou.
Para ter uma compreensão abrangente sobre tudo, para alcançar um entendimento global, sem demagogia ou hipocrisia, bastaria, sobretudo, estudar, ler, se informar. Mas isso, por toda a exposição de motivos, seria realmente pedir demais.
Para quem quiser desmitificar essa ode à ditadura: http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/10-mitos-sobre-a-ditadura-no-brasil/