Às vezes eu me encolho toda e nem é por falta de espaço. Abraço meus joelhos, deixo-os bem próximos do meu peito. Penso em palavras de consolação, ensaio um choro, minha forma de oração.
As lágrimas regam os danos. Uma dorzinha que de tão íntima parece ter sido plantada bem aqui. E brotou com o passar do tempo. Acompanhou meu crescimento. E criou raízes e galhos e folhas que não cabem mais em mim. Não sei mais enfeitar a tristeza ou venerar a solidão. Não sei mais dissecar feridas e extrair disso tudo algo bom. O(u) melhor: poesia. O que sinto transcende qualquer elucubração. A palavra pouco significa. Não alcança o abismo que vivo, sua real dimensão.
Sem molduras:
A paisagem a ser descrita é vazia.