quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Aquela mulher


Não sei o que os próximos dias me reservam e tenho medo. De me doer. De enlouquecer.  De desistir. Sequer consigo chorar. Ou rir. Não sei precisar o que sinto. Agora sinto um pouco de frio. E estou infeliz.


Não tinha cicatrizes aparentes pelo corpo, mas quando a chuva ameaçava cair ela toda se doía. Latejava por dentro e os pêlos eriçavam com o soprar do vento. Nenhum agasalho lhe servia. Caminhando pelas ruas acompanhada dos pingos de chuva se sentia mais aquecida.
Aquela mulher tinha a marca de quem possui nos olhos abismos e um vazio descomunal por dentro. Aquela mulher tinha um coração que não batia, mas sangrava pelas incertezas da vida. Aquela mulher não era exatamente triste. Apenas acordava com a forte impressão de que aquele não era o seu dia. Nenhum deles foi feito pra ela, pensaria, mas aquela mulher resistia, resiliente e compassiva. Aquela mulher sentia. E, embora despedaçada, possuía o sinal de quem não desiste. Frágil, suas cicatrizes eram tentativas.

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