segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Notas sobre agosto
Jogue
fora tudo o que é inútil. Não é possível passar por agosto carregando
entulhos; certos pensamentos e sentimentos devem ser devidamente
descartados. Esvazie-se. E dê um jeito de arrumar as malas. Fugir é
permitido em agosto, embora os carmas desse mês de loucos insistam em te
perseguir. Novos ares facilitam o processo árduo de suportar um mês tão
arrastado. Durma. Muito. É de suma importância
descansar em agosto. Evite falar. Abuse dos silêncios e da solidão.
Agosto tende a ignorar palavras. Vale escrever: a escrita é um filtro e
permite alguma sanidade em meio a tanta loucura. Let go. Desista,
esqueça, se for o caso. Abrir mão é necessário. Pode chorar, se quiser.
Pode romper laços e, por um breve instante, deixar de acreditar. Agosto é
cético e cinza, de alguma maneira repleta de dor e esquizofrenia te
força a mudar. Mas setembro está bem aí. Vamos no reerguer novamente. E
mais uma vez tentar.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
O meu Rio
Eu ando pelo centro da cidade como se costurasse meus retalhos, remendando memórias, bordando lembranças. Os meus olhos gostam do que veem. Tanto tempo. Quanto tempo. As pessoas continuam desfilando seus ternos, sua formalidade, e ainda assim parecem leves. Garanto, é fácil ser leve no Rio de Janeiro. Há sol. Há vento. Há verde.
Há lugares para os quais fugimos sempre que há uma brecha no expediente ou mesmo na pausa para o almoço. A cafeteria OK parece mais cheia de gente e tem muito mais quitutes além do delicioso bolo de nozes. A Livraria Arlequim, no Paço Imperial, continua charmosa e possui raridades que vão desde uma coletânea maravilhosa da Edith Piaf até um marcador de texto incrível com cenas antológicas da Mia Wallace, de Pulp Fiction.
Mas a melhor parte do Rio é que você faz amigos por causa dele. Amigos que são companhia para um museu, para um cinema, para um café, para um barzinho. O Rio é ainda mais leve por causa deles.
Então digo que estou encantada, depois de tanto tempo. Nunca me prendi a essa divisão de lados instaurada por causa da ponte. A vista é bonita aqui. E lá.
Certamente não tenho ponto fixo. Cada canto é um pouco eu. A minha reconstrução repousa nesses fragmentos. Sou muito de todo lugar.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Eu vou saber
E eu
vou saber o amor, em qualquer canto, em qualquer frase dita, em qualquer
pedaço de lembrança esquecida, em qualquer lado, na escuridão e no
silêncio dos dias. Nas músicas que transformo num meio de te aproximar
ou quando choro porque quase ultrapassamos o limite do tempo - ficar tão
perto de você, pouco antes de ficar longe, o que esperar...? Esquecemos que o avião é alheio a últimos desejos,
ele precisa decolar. E, para você, eu tenho muita sorte no jogo que
aprendi há pouco: você afasta qualquer maré de azar. Juntos, apenas bons
fluidos. Para nós, apenas o infinito. Eu vou saber o amor. E sentir o
cheiro, o gosto, a falta. E o prazer de me sentir completa e feliz. Eu
só sei o amor porque acredito. E só sinto o amor porque me rendi.
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