sexta-feira, 25 de maio de 2012

Prece


Eu que nunca fui muito de rezar
me encontrei de joelhos no chão,
entrelaçando uma mão com a outra,
ensaiando um consolo-oração.


Na companhia da minha solidão
e ao som da minha taquicardia,
pensei algo assim como:
nada na vida é em vão
E se no final das contas não for bom
Pelo menos vale a poesia.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ok

Engraçado você ter me perguntado como eu estou justamente agora. Eu estou em paz. E aí você se indaga sobre como eu posso me sentir assim com tantas decepções, tantas mentiras e tantas mágoas. Talvez a gente aprenda a se desapegar com o tempo, porque jeito certo, te garanto, não tem. A gente só continua, porque esse é o melhor meio, e vai deixando muita coisa no caminho, aprendendo que não há nada de errado em estar sozinho e, vezenquando, é até válido se sentir vazio. Te falar que nem sei mais o que é certo ou errado em tudo isso, juro que nem sei mais no que acredito. Acredito que dá para ter paz de espírito num momento infernal. Dá pra ter equilíbrio. Não estou tentando forçar a barra, tentando dizer o que eu gostaria de sentir, porque assim, de alguma forma, eu me sinto. Eu vivo. Eu amo. Eu sofro. Eu caio.
Eu sigo.

E não tem a ver com amor não, ok? Quer dizer, sempre tem um pouco a se dizer, mas nesse momento eu dispenso as palavras sobre o assunto. O amor que eu tenho em mim me basta. E já que estamos falando sobre seguir em frente, juro que um dia, quando (e não se) esse dia chegar, vai ter uma pessoa especial que eu vou beijar, abraçar, admirar, querer, e será tudo claro, bonito, infinito. Nada faltará. Esse dia vai chegar e esse momento vai acontecer porque eu não estarei bêbada, nem chapada, nem revoltada, a fim de simplesmente consumar uma vingança. Não mesmo. Esse dia vai chegar porque eu quero.
Porque eu não desisti de ter esperança.

Assim espero.

sábado, 12 de maio de 2012

Cabernet Sauvignon

Quando a poesia  nos habita, é bastante a leveza de estar. Só, com a possibilidade de escolhas, de mudanças, de apagar as luzes da sala e, simplesmente, continuar. E ser.
O que há de mais importante reside em mim: encontrei a tão falada e pouco conhecida paz de espírito. Assim me sentindo percebo que o caminho que almejo pode ser facilmente trilhado: é possível encontrar encantamento na simplicidade; é possível fazer do banal algo extraordinário. Sim, é possível encontrar a felicidade. E felicidade é um exercício diário.
Foi quando, em sendo magoada, decidi interromper o curso das lágrimas. Foi quando, em ficando calada, pude ouvir com clareza o som das minhas palavras. Foi quando, em me olhando no espelho, me vi perdidamente apaixonada. 
Desta forma, dispensando toda mágoa e raiva, consegui encontrar um equilíbrio até então incerto e desconhecido. Aprendi a me ler, a respeitar o meu tempo, a me perdoar por ter exigido tanto de mim, quando, na verdade, a única coisa que eu precisava fazer era deixar fluir. 

Minha vida não precisa de outdoors, minha tristeza não merece todo o meu dia. 

E se me perguntarem hoje qual é a minha resposta para tudo o que vai mal, eu diria, com um sorriso tímido nos lábios, bebendo calmamente o meu vinho e ensaiando uma poesia:

a minha vingança para tudo isso é a alegria.