quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ainda é permitido falar de amor por aqui? De amor, de qualquer outra coisa que rompa com o cinza dos prédios, com o sopro quente e pouco afável das tardes numa cidade grande. Todos correm. As pessoas se esbarram o tempo inteiro e sequer há contato. Olhos nos olhos, sorrisos, um bom dia mais espontâneo, um obrigado, qualquer coisa daquela lista sobre a qual fomos ensinados quando pequenos. 
Parece que na métropole os sinais são sempre vermelhos. E todo mundo, mesmo junto, se sente sozinho.

Ainda se fala de coisas bonitas por aqui? Porque eu ainda me encanto quando vejo um rapaz vendendo algodão doce, quando vejo um casal de mãos dadas esbanjando paixão por aí. Tento me ater a essas doses de poesia que surgem inesperadas nos meus dias. É tanto lixo (literal e metaforicamente), que procuro voltar meus olhos ao que rompa com o cenário, que surpreenda de uma forma positiva. O que eu quero é dançar ao atravessar uma avenida.

Eu quero mesmo é plantar margaridas no asfalto.

sábado, 17 de setembro de 2011

Setembro

Hoje o dia acordou bonito. Depois dessa alternância de frio, chuva e cinzas, setembro aos poucos se despede do inverno. Que venha a primavera - estação das flores - para embelezar os corações mais céticos. Estamos precisando de cor pra sobreviver. Precisamos de sol e de céu límpido para dissipar as nuvens que persistem desde agosto. Porque agosto foi difícil de atravessar. Segunda geração romântica, spleen. Melancolia, desespero, uma saudade constante sabe-se lá do quê, talvez de tudo o que não podia (nem deveria) ser, porque agosto é sarcástico, é Gregório de Matos, não é Lord Byron. Agosto é a boca do inferno. O movimento era inadequado porque agosto não suporta drama, nem a dor sentida pelos outros, porque agosto é egoísta ( sol na casa V), e embora seja regido pelo sol só oferece punhados de frio. Agosto, meu amigo, agosto só faz doer. Lá no fundo do fundo do fundo. Dói dentro.

Hoje o dia amanheceu tranquilo. Com a leveza de que dias difíceis passam. É quase primavera, os ventos apontam outra direção, um caminho, espero, sorrindo, cheio de tulipas. Porque é setembro. Setembro não é romântico nem barroco. Setembro é bucólico e arcádico. Campo inundado de tulipas (é, isso aí). Setembro é simples. E ilumina.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

(C) oração

Deixa eu olhar para você de hoje em diante de mais perto. 
Tão mais perto que a gente quase não consiga não se tocar. 
Que os nossos cílios se beijem e que meus lábios te leiam. 
Você é a minha poesia , quero te declamar. 
De todos os meus textos, você é o mais bonito, pode acreditar.


Deixa eu fazer do teu corpo a minha rota. 
Fazer dos teus braços o meu porto mais seguro
E segurar teu cabelo, encostar no teu peito:
Nesse mundo, melhor refúgio não há.
Você é a minha bússola,  meu mapa. 
O meu lugar é onde você está.


(E assim pra sempre será).


sábado, 3 de setembro de 2011