Meus olhos encheram d'água ao abrir esse blog, que anda tão abandonado.
Não organizei nenhum pensamento. Não arranjei nenhuma palavra. Sobra silêncio: a dor, de certa forma, cala.
Revisitei nossas conversas. O nosso último encontro. As mensagens de incentivo que sempre trocamos. Nossa amizade prescindia de assiduidade. Porque o vínculo que nos unia era profundo. Vinha desde a infância, se fortalecendo na adolescência e amadurecendo na idade adulta.
Sempre lembrávamos do aniversário uma da outra.
Compartilhávamos o amor pela literatura e o desprezo pela ignorância.
Gostávamos de RuPaul's Drag Race e achei o máximo quando você me contou sobre um evento do qual participou como Lovelace Corumbella.
Nossa última interação foi sobre BBB. Esses escapes em tempos difíceis. Está sendo difícil.
Acho que ainda não caiu a ficha, Mandy.
Ontem, às 18h18, olhei para o relógio e pensei em você. Senti um alívio tão grande e imaginei: "vai ficar tudo bem". 3 minutos depois, soube da sua partida. Repentina, precoce, injusta. E o que me vem é um sentimento de tristeza e revolta.
Mas sei que esse não é o caminho. Essa não pode ser a minha resposta.
Porque apesar de tudo, a gente tinha esperança.
A nossa amiga Jô me ensinou muito. Criei o blog por causa dela, que me inspirava tanto, assim como você, que jamais desistiu de ser quem você nasceu pra ser. Uma escritora, uma ativista, uma inconformada, uma mãe de coração, uma amiga acolhedora e leal. Quantas conquistas, quanto orgulho você trouxe.
Eu prometo carregar você comigo de uma forma alegre, verdadeira e doce, Amandinha.
Você só merece coisas bonitas.