domingo, 31 de janeiro de 2021

Fazia tempo que eu não prestava atenção às letras das músicas.
Fazia tempo que não escutava Nico
E, primeiro, The Fairest of the Seasons
Fui me entregando. Como aos 15 anos. 
Sentindo cada palavra me atingir feito um raio
Aquela dor bonita que a gente transforma em poesia
Para se salvar
Nestes dias

"I've been out walking
I don't do too much talking these days
These days
These days I seem to think a lot
About the things that I forgot to do
And all the times I had
A chance to."



Li em algum lugar que hoje é o dia da saudade. E fiquei reflexiva sobre essa palavra que anda tão cheia de sentido nos últimos tempos. A gente se perde na rotina, mas ela está ali, intacta, desde sempre. Fico pensando quando vou poder encontrar as pessoas que eu amo e poder dar um abraço. Penso em todos os encontros adiados. Penso no tempo passando arrastado. E nos arrastando. 

Sinto falta das pequenas certezas cotidianas.
Sinto falta das possibilidades.





(30/01/2021)
Navegar é preciso
Nos mares infindos
Para além dos horizontes  
Que o olhar não alcança 

Comandante de si mesmo
Sem máscaras ou freios
Possuindo-se 
Permitindo-se ir além da superfície
Sem bússolas ou mapas
Num lampejo
Sem planejar 

Ser seu próprio veículo
Conduzindo o seu destino
Sem artifícios
Sem filtros
Sem porto final 

Para se saber de verdade
Apenas partindo num átimo
Viver não para ser o barqueiro
Mas o barco.

Sobre espontaneidade - ao som de La Vie en Rose, versão da Grace Jones.


É sobre, no meio do dia, se pegar dançando ao som de uma música que te vibra. 

É sobre estar sob o céu de Janeiro e contemplar o sol que acaba de sair após uma chuva infinda. 

É, como agora,  admirar a noite sem estrelas, ofuscadas pelas luzes da cidade, também bonitas.


Ser espontâneo é estar aberto para receber o que vem. É estar presente. 
Seja abraçando a alegria ou deixando a dor doer. 
Apesar de. 

Pois a vida em si é o porquê.

(13 de janeiro de 2021)

domingo, 17 de janeiro de 2021

Hoje fez um dia bonito. Domingo, sol, algumas nuvens. Ao contrário dos outros dias, o tempo permaneceu firme, apesar da chuva ocasional.

E eu sentei sob o céu.
E o vento flanava pelo meu rosto.
Coloquei meus pés descalços no chão.

Segurei o choro.

Choro que não contive desde ontem. Choro que me tomou pela madrugada e invadiu o amanhecer.

Deixar a dor doer. Deixar o sentimento acontecer.
Buscar aprender alguma coisa qualquer com tudo isso. E não me deixar tomar pela amargura. 

Não é esse o caminho que venho trilhando, apesar de alguns desvios. O sofrimento, a tragédia, o luto. Esse vazio inexplicável, esse buraco fundo.
Eu só posso preenchê-lo com esperança. 

Porque estar viva é uma honra.