"Can you imagine when this race is won
Turn our golden faces into the Sun
Praising our leaders we're getting in tune
The music's played by the mad men."
Chorei ouvindo a música. E em meio à caminhada, prometi que iria aprender a letra pra poder cantar além do refrão.
Tenho feito muitas promessas. Não sei quantas delas se cumprirão.
Troco os dias pelas noites. Me canso da programação da tv, mas não consigo pegar um livro e simplesmente ler. Desinstalei as redes sociais pra estar mais presente. E eu quase não paro de pensar no que passou. Ou no que vem depois.
O fato é que estou atravessando os dias tentando extrair uma lição do que fica. Tentando melhorar como ser humano e sair dessa mais íntegra.
Tenho sentido medo. Tenho chorado com frequência. Às vezes me sinto culpada quando me pego gargalhando à toa, como se fosse uma ofensa experimentar alguma alegria. Eu não quero esquecer as perdas. Quero vivenciar o luto, mas também sei que não posso me render à tristeza.
Nesses momentos de convivência intensa comigo mesma, a nostalgia me invade. Rememoro as lembranças mais antigas e pincelo cada uma delas com o verniz mais otimista, porque a vida é um bocado de histórias pra recordar. A gente filtra as lembranças. É um jeito da gente seguir em frente. De se conformar.
Vê, ou estou no ontem ou no amanhã. Deprimida ou ansiosa. O agora quase nunca me consola.
Um pensamento me ocorre: por que a gente cresce? Por que além de perdermos as roupas que não nos cabem, perdemos um pouco a coragem? Crianças nem entendem a mecânica do tempo. Ele só passa.
E quando você menos espera, está com quase trinta anos, chorando depois de mais uma noite insone, com pavor do que o mundo se tornou. Você se sente impotente, mas luta pra ter esperança, ser forte, pra tirar de tudo isso algo bom. Mas essa é só mais uma artimanha da vida.
Amadurecer é comer a fruta proibida.
A verdade é que eu sinto falta da ilusão.
"Forever young, I want to be forever young
Do you really want to live forever?