Hoje eu não consegui chorar. Só senti raiva. O estômago já começou a dar os sinais, a ansiedade me deixa zonza, fico andando de um lado pro outro, tonta, sem saber o que fazer ou o que pensar. Me falta um pouco de equilíbrio emocional onde sobra senso crítico. Sou racional até me deixar afetar. Aí o cérebro insiste em continuar, mas a gente sabe, sensibilidade exacerbada às vezes atrapalha. É fácil se deixar arrebatar.
Acho que estou me rendendo. Olho para o lado e não vejo mãos as quais eu possa me agarrar. Quando olho pra frente, sinto medo, e por mais que eu queria desesperadamente ter fé, é difícil acreditar.
Onde você anda, Caio F. Abreu? O que você escreveria se ainda estivesse por aqui? O que diriam de você, das suas palavras tão cruas e ferinas e honestas? Será que iriam te admirar? Ou te apontariam o dedo do meio, mandando você se calar?
Aprendi muito com você, com seus textos. Às vezes me pego lambendo o chão dos palácios, a encarar o sofrimento de joelhos. Mas insisto em levantar. Mesmo que aos prantos. Mesmo que seja doloroso demais caminhar.
Mas não há outra alternativa
Eu não vou parar.