Antes eu me preocupava demais com a estética dos meus textos, procurava o verso perfeito e tentava fazer dos poemas uma expressão artística com um traço qualquer de beleza.
Com tudo o que ocorre ao meu redor, é difícil combinar palavras bonitas sem soar pedante e falsa. Sem soar ridícula.
Por isso sou forçada a (re)lembrar do que é feio, do que é torto, do que é sujo: a hipocrisia, a intolerância, o preconceito, a agressão, a violência, o mau caratismo, a desonestidade, a corrupção, a mentira. Toda essa sordidez escancarada, toda essa nojeira cuspida pela mídia em nossas caras.
Os dias têm sido cinzas. Essa poesia eu teço com a amarga e patética realidade, com o caos que contamina e mitiga momentos desesperados por alegria.
É impossível ficar apática.
Essa lucidez talvez seja a melhor rima.