domingo, 21 de outubro de 2012
O que a palavra alcança
Quando o medo paralisa de tal forma que a única ação possível é a desistência. Não é nada grave, os dias só tem sido cinzas demais, tudo se mostra inadequado, me falta paciência. Engulo o grito que surge inesperado, parece uma crise de abstinência. Somem as palavras, não há jeito certo, perde-se o tato. Então eu me tranco no quarto e choro enquanto me consolo, olhos mirados no espelho. Nada demais, me convenço. Tudo passa, não me iludo mais. Sequer tento. Mudar tem dessas coisas, já ouvi por aí. Só não sabia que os abismos seriam tantos. E que todos eles estariam dentro de mim.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Atrás da porta
"Don't fool yourself, she was heartache from the moment that you met her."
Hoje eu fiquei parado na tua porta. Sentado no chão, no meio do corredor, impedindo a passagem. Mas ninguém chegava. Nem você. Nenhuma miragem. Esperava falar tantas coisas, pensava muito e tanto, deixando as lágrimas desenharem sua rota pelo meu rosto, morrendo nos lábios, sal a gosto. Fitava o branco das paredes, aos poucos o sol tecia a manhã, mas ainda estava nublado. Ali os tons são sempre mais cinzas, o clima é muito pesado.
Hoje eu fiquei parado na tua porta numa espera que se mostrou ilógica. No fundo sempre há aquela luzinha verde de esperança indicando uma insistência. Ela só não sinaliza o porquê. São muitas as inconsistências. Isso apavora.
Hoje eu quis ouvir alguma voz do outro lado da linha. O telefone chama e ninguém atende. Ninguém abre quando eu bato na porta. Não há poesia em nada disso, só verdade. E a verdade, quando encarada assim, machuca demais. Dói dentro, dói fora.
Hoje eu fiquei parado na tua porta. Na espera incessante era eu mesmo que me fazia companhia. Todos estamos e somos um pouco sós. E será sozinho que aprenderei a desatar o(s) nós que havia.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Quando o verão chegar
Quando o verão chegar vestirei amarelo, quase nunca ouso (o)usar. Vou me banhar de raios de sol e me pintar com a luz do luar. Quando o verão chegar vou andar descalça pela praia e serei tragada pelas ondas do mar. Vou procurar estrelas, colecionar conchas, contar grãos de areia. Encantarei marinheiros com as canções que eu entoar. Quando o verão chegar vou me transformar em sereia. Quando o verão chegar o céu será de um azul tão brilhante que se confundirá com a água além do horizonte. Quando o verão chegar boas coisas virão, quentes e sedutoras, próprias da estação. Quando o verão chegar será o momento apropriado para transformar: todo dia poesia, todo dia há mar.
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