quarta-feira, 13 de agosto de 2025

O tempo me atravessa
E denuncia as marcas
Sulcos ainda finos que comportam estradas
Nos olhos, que mantenho abertos
E atentos
Na boca, moldada de tanto expressar 
Minhas glórias, minhas derrotas, 
Minhas palavras
Ao cantar, ao gritar, ao gargalhar
Ao fumar o cigarro que há muito não acendo

O tempo me atravessa
Feito flecha
Às vezes me acho mais sábia
Às vezes tropeço nos meus erros
Mudei muito
Já não danço tanto
Quase não escrevo
Cochilo entre o programa de tv
E as linhas de um texto

Mas me emociono
Trabalho duro
Ouço atentamente
E busco novas saídas
Acolho o encantamento diário
Mesmo estando mais distraída
.
No reflexo do espelho riscado
Minhas linhas a ele se alinham
Eu me revelo

A menina ainda está ali

É essa pele que habito
O meu ponto de equilíbrio
Eu me pertenço
Sou meu próprio centro
Eu sou plena de mim







quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025




Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Aquele instante
De genuína contemplação
Em que, sem motivo específico,
A gente sente
Profundamente
Que a vida tem sentido





terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Ando afastada das páginas em branco.
Mas a palavra é chama que há muito me habita.
Ainda que as rimas pareçam distantes
A verdade é que tenho vivido a minha poesia

"Convive com teus poemas, antes de escrevê-los", disse Drummond.
É o que tenho feito.

2025

Sou grata por ter me permitido descobrir coisas inéditas sobre mim. 
Creio que isso resume o sentimento que quero carregar comigo.
Não pensava que seria possível desbravar o desconhecido, aceitar novos desafios e ser surpreendida com os resultados. 
Foram muitas as novas trilhas (sonoras, inclusive).
Mudanças urgentes encontraram em mim resistência, mas, por intuição ou instinto, acabei deixando que me invadissem.
Foi a melhor decisão não me conter
E me abrir para o que ainda está por vir.
A cada passo dado em direção às novas rotas
Não perdi a capacidade de me reconhecer.

Abandonei a fuga constante
E, no meio do caminho,
Eu me (re) encontrei.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Ontem, numa conversa, ele se surpreendeu quando usei o verbo 'flanar'.
Riu, incrédulo, achando que eu tinha inventado essa palavra.
Todos os dias eu aprendo com ele.
E, por causa dele, também acabo aprendendo mais sobre mim.

Tem muita gente por aí tentando dar dicas para um relacionamento de sucesso.
Para mim não tem muito segredo.
Eu fico feliz todas as vezes que ele abre a porta de casa
A gente dá muita risada.
E é nele em quem eu me espelho.

domingo, 8 de setembro de 2024

34

"Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver"

Calculei minha revolução solar desse novo ciclo e, não surpreendentemente, será em Aquário, meu ascendente.

Há dias estou com essa música na cabeça e agora entendo bem o porquê. 

Ao me olhar no espelho quero sempre me reconhecer. 
Não falo do tempo que marca minha pele e tinge de cinza alguns (muitos) fios dos meus cabelos.

O processo não é fácil, mas a revolução está acontecendo onde mais importa: dentro de mim.

Tenho me desafiado e descoberto coisas inéditas.
Tenho me enfrentado e me libertado de muitas limitações às quais, inconscientemente, me prendi.
Tenho me fortalecido nas conexões de amor e amizade, na arte, no trabalho.
Tenho observado em silêncio.
Tenho deixado ir.

Tenho, principalmente, me encantado.
Apesar da dor.
Apesar das frustrações e perdas.
Talvez o grande propósito seja justamente esse: não endurecer, apesar de.
É estar sempre aberto ao que vem.
Compreendendo que tudo é temporário.
Aceitando as incertezas.
Escolhendo atravessar a vida com integridade e inteireza.
Sendo fiel aos seus principios, renovando todos os dias os próprios compromissos.

Acolhendo, com gratidão, as belezas que sempre surgem no caminho.