quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Às vezes, por alguns segundos, paro de respirar
Estou em terra firme
Sinto meus pés tocarem o chão
Mas ainda tenho medo de me afogar

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

É que nas gavetas só havia cores sóbrias. E, ao passar pelos cabides, não sentia calor. 
O inverno invadia o armário, mesmo tendo se despedido há pouco do verão.

Ao pisar na varanda, sentiu o sol aquecer sua pele e quase se surpreendeu com a sensação.
E projeta que sairá mais de casa, que desbravará o mundo ao redor. 
Em vão.

Até que chegou à última gaveta. Que surpresa! 
Tons de céu, pôres de sol, jardins em estampas que lembravam uma outra estação.

A primavera resiste.
Ainda que tudo ao redor insista que não.

(As flores ainda estão aqui.
Estâo em mim.
Sei que estão.)

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

O tempo me atravessa
E denuncia as marcas
Sulcos ainda finos que comportam estradas
Nos olhos, que mantenho abertos
E atentos
Na boca, moldada de tanto expressar 
Minhas glórias, minhas derrotas, 
Minhas palavras
Ao cantar, ao gritar, ao gargalhar
Ao fumar o cigarro que há muito não acendo

O tempo me atravessa
Feito flecha
Às vezes me acho mais sábia
Às vezes tropeço nos meus erros
Mudei muito
Já não danço tanto
Quase não escrevo
Cochilo entre o programa de tv
E as linhas de um texto

Mas me emociono
Trabalho duro
Ouço atentamente
E busco novas saídas
Acolho o encantamento diário
Mesmo estando mais distraída
.
No reflexo do espelho riscado
Minhas linhas a ele se alinham
Eu me revelo

A menina ainda está ali

É essa pele que habito
O meu ponto de equilíbrio
Eu me pertenço
Sou meu próprio centro
Eu sou plena de mim







quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025




Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Aquele instante
De genuína contemplação
Em que, sem motivo específico,
A gente sente
Profundamente
Que a vida tem sentido





terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Ando afastada das páginas em branco.
Mas a palavra é chama que há muito me habita.
Ainda que as rimas pareçam distantes
A verdade é que tenho vivido a minha poesia

"Convive com teus poemas, antes de escrevê-los", disse Drummond.
É o que tenho feito.

2025

Sou grata por ter me permitido descobrir coisas inéditas sobre mim. 
Creio que isso resume o sentimento que quero carregar comigo.
Não pensava que seria possível desbravar o desconhecido, aceitar novos desafios e ser surpreendida com os resultados. 
Foram muitas as novas trilhas (sonoras, inclusive).
Mudanças urgentes encontraram em mim resistência, mas, por intuição ou instinto, acabei deixando que me invadissem.
Foi a melhor decisão não me conter
E me abrir para o que ainda está por vir.
A cada passo dado em direção às novas rotas
Não perdi a capacidade de me reconhecer.

Abandonei a fuga constante
E, no meio do caminho,
Eu me (re) encontrei.